Assistia ao Jornal Nacional e uma matéria muito me chamou a atenção. Falava sobre um estudante que virou corredor porque não tinha dinheiro para ir à escola.

Por linhas breves. O estudante corria aproximadamente 12km todos os dias de sua casa até a escola para ter acesso à educação. Fazia isso pelo fato de sua família ser de baixa renda e, economizando com as passagens de ônibus, ajudava um pouco em casa.

Paramos então para refletir. O estudante agora virou atleta por conseguir um condicionamento físico bom todos esses anos ao, literalmente, correr atrás de uma ferramenta (educação) que o governo não disponibiliza como realmente deveria em todo o Brasil. O que mais me chama a atenção é que a matéria falava em lindas palavras o fato do estudante transformas-se em maratonista.

Ora, analisaremos  a situação. Se isso foi um incentivo do governo – retirar as necessidades básicas da população de ter um vida digna e coerente aos tantos e abusivos impostos que pagam – tão logo teremos: nutricionistas que da terra árida do nordeste, retiraram um banquete completo; médicos de altíssima ponta criados por um sistema de saúde que não comporta o número de pessoas que dele precisam; pilotos campeões de rally por saberem dirigir habilmente nas deploráveis rodovias brasileiras; mágicos que multiplicam o salário mínimo para pagar as contas de uma casa; contorcionistas que muito praticaram em um sistema de transporte decadente; nadadores que treinaram nas inúmeras e constantes inundações  e, é claro, maratonistas que fizeram de tudo para ter acesso às escolas.

Estou impressionado com a estratégia do governo de criar situações para que a população se desenvolva. Parabéns! Fiquei maravilhado com tão brilhante idéia. Só faço a observação de que, não são somente músculos que se desenvolvem em situações assim, os olhos se abrem e a capacidade de raciocínio aumenta, ou seja, estão criando pessoas mais perspicazes e –  se parar um pouco para pensar – as maiores revoluções na história da humanidade são frutos de colocar a população em situações de abandono e descaso.